Brasília – O aumento do desemprego afetará em cheio as contas da Previdência Social. De janeiro a abril, 162.735 trabalhadores foram dispensados e não fazem mais contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Se for adicionado à conta o total de pessoas que foram demitidas em dezembro, o número de brasileiros que deixaram de fazer pagamentos para garantir uma aposentadoria no fim da vida chega a 718.243. Com mais desocupação, menos receita e expectativa de elevação de gastos com benefícios, o governo estima que terá um rombo previdenciário de R$ 72,8 bilhões em 2015. Para piorar a situação, especialistas avaliam que há risco de que a poupança urbana, tradicionalmente superavitária, fique no vermelho nos próximos meses.
Dados da Previdência Social apontam que o saldo entre a arrecadação e as despesas com benefícios foi positivo em apenas R$ 1,06 bilhão em janeiro. Uma retração de 32,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Em março, o superávit despencou para R$ 554,9 milhões, uma queda de 47,6% na comparação com janeiro e de 65,1% frente a igual mês de 2014. A tendência é que a situação tenha piorado em abril, já que, somente no quarto mês do ano, 97.828 pessoas foram demitidas, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Mas os resultados ainda não foram divulgados pela Previdência, mesmo após o Tesouro Nacional ter publicado os números das contas públicas com o desempenho do INSS.
Com mais desemprego, as contas da Previdência Social, já combalidas, sofrerão um baque ainda maior. Pelas projeções atuariais do governo, será gasto um montante que corresponde a 9,26% do Produto Interno Bruto (PIB) para custear benefícios para empregados da iniciativa privada, servidores públicos federais e militares. Como a arrecadação do Executivo é insuficiente para honrar essas despesas, o rombo chegará a pelo menos R$ 144,2 bilhões em 2015. Essa necessidade de financiamento corresponde a 2,47% da geração de riquezas no país e seria suficiente para bancar o Bolsa-Família por quase cinco anos. As estimativas fazem parte do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2016 e do relatório de avaliação de gastos do Ministério do Planejamento.
EXPECTATIVAS Para o economista-chefe da GO Associados, Alexandre Andrade, a deterioração do mercado de trabalho será forte este ano e intensificada em 2016. Nas contas dele, com base na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), a taxa de desocupação encerrará 2015 em 6,2% e em 7,5% no próximo ano. Segundo ele, em 2014, mesmo com a atividade econômica fraca, o desemprego permanecia em patamares historicamente baixos porque a população economicamente ativa também estava em baixa.
Andrade detalhou que muitas pessoas deixaram de procurar uma vaga no mercado formal porque os aumentos exponenciais na renda, sobretudo dos chefes de família, deram conforto para que os filhos se dedicassem somente aos estudos. Com a retração da economia e as dispensas em massa, a quantidade de pessoas em busca de um posto tende disparar. Procurada, a Previdência Social não se manifestou sobre como o aumento do desemprego teria impacto nas contas do INSS.
Fonte: Estado de Minas